Agressões e infiltrações marcam lançamento da Frente de combate à violência policial
Foto: Marina Moura

“Lançamento da Frente foi um sucesso porque já começou a incomodar”, diz coordenador da frente e líder da Bancada do PT, deputado José Zico Prado, afirmando grupo está pronto para enfrentar os que se opõem à Democracia.
O que deveria ser uma atividade rotineira na Assembleia Legislativa paulista, o lançamento da Frente Parlamentar Em Defesa do Direito de Expressão e Manifestação, ocorrida no fim da tarde de ontem (23), teve cenas de agressão e presença de defensores das ações de truculência e abusos policiais, alvos de críticas dos participantes da atividade.
A Frente foi proposta pelo líder da Bancada do PT na Assembleia, deputado José Zico Prado, que abriu os trabalhos afirmando que a Frente Parlamentar terá muito trabalho e vai atuar juntos com os movimentos sociais e com a sociedade até 2018. “Queremos garantia da liberdade e que a sociedade paulista tenha na Frente um canal de diálogo, para que possa se manifestar sem medo de ser agredido pela polícia ”, defendeu.
A atividade começou com representantes de entidades da sociedade civil e vítimas de violência policial deram depoimentos sobre a repressão da Polícia Militar de São Paulo em manifestações organizadas por movimentos sociais. Uma das pessoas a ter a palavra na audiência foi a estudante Déborah Fabri, 20, que http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/09/1809317-estudante-tem-olho-perfurado-apos-protesto-contra-temer-em-sp.shtml contra o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, no Centro de São Paulo, em 31 de agosto deste ano. Ela foi atingida por uma bomba de efeito moral lançada por um PM.
Logo após depoimento de Fabri, o deputado petista Alencar Santana Braga apontou que a PM não age de maneira autônoma e que tem comando, que neste caso é do governador Geraldo Alckmin. O deputado citou como exemplo as reintegrações das escolas ocupadas pelos estudantes realizadas pela PM, sem mandado judicial. Neste momento, um homem presente na plateia o indagou se os estudantes haviam ocupado ou invadido as escolas. Alencar foi categórico, dizendo que os estudantes ocuparam e os PMs invadiram o local sem mandado judicial. O homem então passou a gritar “Viva a PM”, vocês são comunistas, o que causou revolta nos participantes que reagiram entoando o refrão “ocupar e resistir” e hostilizaram o homem, que foi conduzido para fora o auditório.
A seguir, uma mulher sentada na primeira fileira se levantou e passou a ofender os participantes, se dirigiu à mesa composta por vários representantes de entidades de direitos humanos e representantes do Ministério Público, da Defensoria, entre outros, e começou a bater boca com o líder da Bancada, deputado José Zico Prado, que a convidou a se retirar do local.
Esta mulher então agarrou pelo pescoço um garoto de 16 anos que a retrucou. Outros adolescentes e assessores interviram e separaram o grupo. Depois disso, policiais que acompanhavam a cena do lado de fora do auditório se aproximaram e a tiraram dali.
A reportagem do Site UOL, que cobria o lançamento, indagou aos policiais o porquê da mulher agressora ser liberada. Com ironia, o policial respondeu: “Teve agressão? Eu não vi”. Ainda segundo a reportagem, o major que comandava a equipe de policiais refutou a indagação e disse “agressão é paulada, pedrada, e o que aconteceu ali foi um braço dela no manifestante”.
Sobre o episódio, o líder petista declarou que a Frente está pronta para enfrentar aqueles que se opõem à Democracia.
Já o deputado Alencar Santana Braga lamentou a intervenção dos manifestantes pró-PM no evento. "É lamentável, eles vieram com o claro intuito de provocar. E é muito simbólico acontecer isso, com agressão, inclusive, em um evento que se posiciona contra a repressão", constatou.
A deputada Beth Sahão, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, retomou os trabalhos e apontou que ação policial no Condepe é uma maneira de macular a imagem da entidade que tem um trabalho reconhecido pela sociedade.
As dificuldades da ação da Bancada na Comissão de Segurança Pública na Assembleia, que agora está empenhada em acabar com a Ouvidoria da Polícia, foi citada por Luiz Fernando Teixeira, integrante petista nesta comissão.
O deputado contou que quando seu irmão Paulo Teixeira foi deputado na Alesp, falava que o então deputado Conte Lopes frequentemente se gabava de seus atos violentos e soltava: “hoje matei dois” ou “hoje matei três”. “Esta é a maneira como alguns homens da PM tratam a vida humana, com enorme desprezo”, destacou Luiz Fernando.
Rosário Méndez
Rede PT Ribeirão, com informações do PT Alesp

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