De Pedro Músico a Belmácio Godinho: uma pequena história de música de Ribeirão Preto
Foto: Arquivo Histórico
Na foto, constatamos a presença de Pedro Músico sentado no lugar anteriormente reservado ao padre. No entanto, em vez de empunhar a batuta, ele empunha uma baqueta de surdo, segundo José Gustavo de Camargo, instrumento utilizado nesse tipo de corporação por músico menos valorizado. De qualquer forma, por sua posição central, podemos deduzir que, à essa época, Pedro Músico ocupava posição mais nobre no que diz respeito à organização da banda São Sebastião.
Não faz muito tempo, o editor, proprietário da Editora Coruja e meu amigo, Lau Batista, in memoriam, convidou-me para escrever a história da música de Ribeirão Preto. O projeto era grandiosos e envolvia toda a área cultural (história das artes visuais, arquitetura, literatura, gastronomia etc.), com pesquisadores e editores do mais alto grau de qualidade.
No entanto, o projeto foi abortado por falta de patrocínio, e sem dinheiro não dá para se dedicar à tamanha empreitada.
Há alguns meses, venho ruminando a ideia de publicá-lo, mesmo incompleto, para que nossos contemporâneos possam ter uma visão em conjunto da efervescência musical que reinou nas quatro primeiras décadas do século passado, em Ribeirão Preto. Agora, decidi fazê-lo. Portanto, o presente não passa de um fac-símile, mas não me restam dúvidas que contém curiosidades informações importantes.
Assim, quero convidar o leitor a dar um mergulho na efervescência musical da Ribeirão Preto do início do século XX. Aceita meu convite?
Introdução
Diante da atual efervescência musical de Ribeirão Preto, o cidadão comum pode pensar que tal ebulição sonora é fruto da modernidade. Ledo engano!
Muito antes dos grandes festivais musicais da atualidade, tais como SESC’n Blues, João Rock, Festival Internacional da Canção Infantil, Carnabeirão, Festival da Alta Mogiana, 10º Encontro da Canção Infantil Latino-americana e Caribenha, entre outros, Ribeirão Preto já contribuía para a movimentação musical nacional e internacional.
Bem antes de eventos musicais como Banco do Brasil Musical, Encontro Internacional de Acordeonistas e dos importantes espetáculos que ocuparam - e ainda hoje ocupam - o Teatro de Arena, o Theatro Pedro II e a Esplanada do Theatro Pedro II, a população ribeirão-pretana já tinha a música como um de seus principais objetos de entretenimento.
Enquanto a canção de consumo era forjada nos grandes centros urbanos brasileiros, em especial no Rio de janeiro, Ribeirão Preto moldava o gosto musical de sua população, por meio da atividade de Bandas, companhias de ópera, cançonetistas e outros grandes intérpretes e compositores.
Portanto, não é de hoje que a “capital da cultura” mexe o caldeirão musical. Não é de hoje que produz música para o restante do país. E, também, não é de hoje que sua população se deleita com a arte musical.
Se a Praça XV – antigo jardim Público - e as ruas São Sebastião, Américo Brasiliense, Amador Bueno, Barão de Amazonas, Álvares Cabral, dentre outras, tivessem o dom de falar, poderiam nos ajudar a contar a história dos teatros, cafés cantantes, coretos, salões comerciais, cinemas e até dos rinks de patinação, onde a música, em tempos idos, deleitava os ouvidos da população ribeirão-pretana.
Como isso não é possível, narraremos, aqui, um pouco dessa história, que nos foi contada por jornais, pequenos livros e trabalhos acadêmicos.
No entanto, não prescindiremos da história engendrada por músicos, cancionistas, cantores e educadores, a partir da metade do século passado, pois, esta, além de certa semelhança com a história anterior à década de 1950, fala de uma geração que ampliou seu horizonte no que concerne à tecnologia da estruturação musical e expandiu os limites de atuação daqueles profissionais da música que aqui viveram ou vivem.
Como o leitor poderá constatar, a música e os músicos ribeirão-pretanos alcançaram limites inimagináveis, porém, sua história estava por ser contada de modo condensado, isto é, para além dos capítulos escritos em programas de espetáculos, jornais, TVs e na memória daqueles que tiveram a oportunidade de assistir à atuação de grandes artistas, como Filó Machado, André Mehmari, Bidinho, Pó de Café Trio, É Tudo Cena Dela, Joel Navarine, Carlinhos Machado, Choro da Casa, Samba da Opinião, Fred Sun Walk e muitos outros.
Música À Italiana
A música brasileira se formou a partir do encontro da música europeia - de concerto, religiosa e militar - com a música indígena e africana. Em ribeirão, não poderia ter sido diferente. A música daqui nasce de várias influências.
Assim como aconteceu com a música popular brasileira, que adveio das manifestações musicais das camadas mais pobres da população, a música popular de Ribeirão Preto também era praticada pelos menos abastados.
A manifestação musical popular, antigamente, segundo José Barbosa Sobrinho, o Sinhô, era considerada contravenção, bastando a constatação de calos na extremidade dos dedos da mão esquerda de um indivíduo – fato que indicaria que este era um violonista – para que ele fosse, no mínimo, levado até uma delegacia para prestar esclarecimentos. Até pouquíssimo tempo, a situação não era muito diferente.
José Barbosa da Silva, o Sinhô (Rio de Janeiro - 1888 +1930), multi-instrumentista, ao lado de Donga, Pixinguinha, entre outros, um dos maiores compositores do início do século passado. Pioneiro na questão do direito autoral, é autor do maxixe “Jura”, recentemente gravado pó Zeca Pagodinho.
Junte-se a isso o fato de que a imprensa sempre esteve a cargo das classes dominantes e compreenderemos o porquê de termos poucos registros da manifestação musical popular do século XIX e do início do século XX, nas hemerotecas[1] brasileiras.
[1] Setor das bibliotecas onde se encontram coleções de jornais, revistas e periódicos.
Francisca Edwiges Neves Gonzaga, Chiquinha Gonzaga, (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 — 28 de fevereiro de 1935) compositora, pianista e regente. Foi a primeira pianista de choro; autora da primeira marcha carnavalesca ("Ô Abre Alas", 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra, no Brasil. Teve seu maxixe “Corta-Jaca” executado por Nair de Teffé, esposa do presidente Marechal Hermes da Fonseca, no Palácio do Catete, sede do poder federal. Um escândalo na época.
Ruy Barbosa chegou a atacar o maxixe definindo-o como a mais vulgar e mais grosseira manifestação musical do Brasil. Em dezembro de 1890, o então ministro da justiça Ruy Barbosa mandou queimar todos os documentos relativos à escravidão existentes nos cartórios brasileiros, segundo ele, para “apagar a mancha da escravidão”. Com isso, juntamente com os documentos escravocratas, foi-se a história dos primórdios música afro-brasileira.
Ruy Barbosa de Oliveira (Salvador, 5 de novembro de 1849 — Petrópolis, 1 de março de 1923) foi jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador brasileiro.
O Maxixe é um gênero musical genuinamente brasileiro, posterior ao lundu e anterior ao samba. Comumente chamado de “pai do samba”. Neste caso, o avô seria o lundu. |
O prestígio da música europeia em detrimento das manifestações populares, em Ribeirão Preto, também foi assinalado pela historiadora Thaty Mariana Fernandes:
“A Partir das últimas décadas do século XIX passaram a circular em Ribeirão Preto os primeiros jornais, que com frequência praticamente diária publicavam notícias sobre eventos e anúncios ligados à música. Embora tais anúncios e notícias muitas vezes omitissem informações importantes, através deles foi possível fazer uma sondagem dos lugares e dos momentos nos quais a música esteve presente, e como ela era utilizada. Havia uma certa hierarquia entre os gêneros musicais, onde a arte erudita europeia era colocada no topo, e a música popular tradicional era colocada na escala mais baixa (grifo nosso). Os modelos utilizados perpassavam as camadas mais baixas da população, pois seu objetivo era mesmo o de servir de modelo civilizador para os demais. Da mesma forma, alguns comportamentos, valores e bens culturais populares eram apropriados e passavam a ser até admirados pelas classes médias e altas.[i] |
Segundo o pesquisador José Gustavo de Camargo, devido a um sistema de vida simples, com base na economia de subsistência, inicialmente, Ribeirão Preto desconhecia o fenômeno artístico.
Ribeirão Preto Nasce de uma doação de terras, consequência de uma disputa de homens vindos de Minas Gerais em busca de novas paragens para a construção de uma capela em gleba pertencente à Vila de São Simão, no início do século XIX. No ano de 1856, foi transformada em comarca do município de São Simão e em freguesia, no ano de 1870. No seguinte, foi denominada vila e reconhecida como cidade somente em 1889, ano do início do regime republicano no país”[ii]
|
Em 1876 a cultura do café foi introduzida na cidade. Em pouco tempo, Ribeirão passou a ser altamente representativa no ambiente socioeconômico do Brasil. Seu desenvolvimento econômico levou a uma transformação das relações de trabalho e à substituição da mão de obra escrava pelo trabalho assalariado dos imigrantes. Devido ao amparo oficial dados aos imigrantes italianos, estes eram maioria, dentre os estrangeiros que para cá migraram.
Merece destaque o fato de que, quando os imigrantes italianos se fixavam na cidade – a maioria estabeleceu moradia da região agrária -, eles atuavam no campo da ciência, artes e letras, além do comércio, é claro.
Segundo Maria Elizia Borges, a comunidade italiana teve importância fundamental para o surgimento das duas primeiras manifestações culturais surgidas na cidade, a saber, a imprensa e a Banda Musical.
Banda é um agrupamento musical, de origem militar, formado por instrumentos de sopro e de percussão. |
Embora, atualmente, o termo banda, por influência da língua inglesa, também seja utilizado por vários conjuntos de música (banda de rock, banda de reaggae etc.), a banda de música citada pela pesquisadora refere-se ao grupamento que comumente chamamos de Banda Marcial, mesmo quando formado por escolares.
As Bandas de Cá
A banda “São Sebastião” é considerada por pesquisadores a primeira banda de Ribeirão Preto. O memorialista Prisco da Cruz Prates afirma que sua organização se deu no ano de 1887 por iniciativa de Pedro Xavier de Paula, o “Pedro Músico”, que, embora tivesse este apelido, era alfaiate e não possuía conhecimento musical:
“Entretanto apesar de sua alcunha e também do acordo com alguns dos seus contemporâneos ainda existentes daquele remotíssimo passado, exercia ele a profissão de alfaiate e nada entendia da arte musical. Tivera o Pedro a luminosa ideia de fundar a referida Corporação Musical e após a sua organização, fora contratado um regente para dirigi-la, cujo Maestro regeu-a proficientemente por muito tempo”[iii] |
[i] Fernandes, Thaty Mariana (2001) A Música em Ribeirão Preto – Manifestações do começo do século XX, Ribeirão Preto, Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto.
[ii] Camargo, José Gustavo J. de (s.d.) Trajetória da Criação Musical em Ribeirão Preto – Rol de compositores e suas atividades. (impressão em documento Word).
[iii] Cruz Prates, Prisco da, apud Camargo, José Gustavo J. de (s.d.) Trajetória da Criação Musical em Ribeirão Preto – Rol de compositores e suas atividades. (impressão em documento Word).
Banda São Sebastião
José Gustavo de Camargo afirma que o fato de a corporação apresentar o nome do padroeiro da cidade é um forte indício da ligação entre a Banda São Sebastião e a igreja católica, e que é possível que muitas bandas civis do Brasil tenham surgido com o incentivo e a participação dos padres. A localização dos coretos, em geral ao lado das igrejas, indica que uma de suas funções era a de servir de palco para que as bandas animassem as festas religiosas. Esta prática ainda persiste em muitas cidades do interior do Brasil.
Por meio da foto podemos constatar que, embora a São Sebastião fosse uma banda civil, seu uniforme denunciava sua busca de aproximação com os primórdios da banda musical, ou seja, a banda militar.
De maneira sagaz, o pesquisador aponta a presença do padre na parte central da foto como mais um indício da ligação da banda com a igreja católica. Aponta também o fato de Pedro Músico estar posicionado em local menos nobre e aparentando tenra idade. Diante dessas evidências, conclui que provavelmente não fora dele a iniciativa de organizar inicialmente a corporação.
A banda São Sebastião participou do Ato Cívico, na comemoração da Proclamação da República, em frente à Câmara Municipal, em 16/11/1889. Neste ano, Ribeirão Preto deixa de ser vila e passa a categoria de cidade. |
Na foto a seguir, constatamos a presença de Pedro Músico sentado no lugar anteriormente reservado ao padre. No entanto, em vez de empunhar a batuta, ele empunha uma baqueta de surdo, segundo José Gustavo de Camargo, instrumento utilizado nesse tipo de corporação por músico menos valorizado. De qualquer forma, por sua posição central, podemos deduzir que, à essa época, Pedro Músico ocupava posição mais nobre no que diz respeito à organização da banda São Sebastião.
Banda São Sebastião.
Segundo Cruz Prates, a segunda banda musical de Ribeirão Preto foi a “Bersaglieri”, fundada em 1894. Esta banda era formada exclusivamente por imigrantes italianos cujo organizador foi José Munhai. Houve outra banda também formada por imigrantes italianos chamada “Garibaldinos”.
De acordo com Thaty Mariana, as bandas “estavam presentes em muitas atividades festivas, como bailes, comemorações cívicas, festas escolares, retretas domingueiras, espetáculos teatrais, exibições de filmes, recepções de autoridades etc.”
“Eram contratadas para as mais diversas ocasiões, principalmente bailes, comemorações cívicas, festas religiosas e a costumeira retreta dominical no Jardim Público. Sem dúvida, constituíam a forma mais comum de acesso à audição musical, e procuravam compor repertórios com trechos de óperas e sinfonias, hinos cívicos, música dançante europeia (valsas, mazurkas, schottisches), marchas, dobrados, tangos e habaneras. As músicas que saíam desse padrão eram consideradas exóticas e eram executadas eventualmente”.[i] |
Três bandas são destacadas por pesquisadores que se ocuparam da música em Ribeirão Preto entre o final do século XIX e o começo do século XX; são elas: Filhos de Euterpe, Banda Progressista (União Progressista da Companhia Mogiana) e Giacomo Puccini.
Tathy Mariana registra que a banda Giacomo Puccini começa a ser notícia no jornal A Cidade a partir de 1908. Até o final de 1909, teve intensas atividades no Jardim Público, antigo nome da Praça XV, como dito anteriormente. Era formada por músicos amadores, comandados pelo regente Domingos Baccaro, que mais tarde, deixou a corporação e foi comandar a banda do Eldorado Paulista, importante casa de espetáculos da qual falaremos mais a diante. Os compositores Giovanni Gemme e Cunegundes Rangel também assumiram o posto de regente da Giacomo Puccini.
No dia 1º de maio de 1910, estreou a banda Progressista Mogiana, formada por funcionários da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro[1]. Por muitos anos a Progressista Mogiana continuaria como atração dos festejos do dia do trabalho, certamente por sua vinculação direta com operários.
[1] Maiores informações sobre a Companhia Mogiana de Estradas de ferro estão disponíveis no site www.cmef.com.br .
[i] Fernandes, Thaty Mariana (2001) A Música em Ribeirão Preto – Manifestações do começo do século XX, Ribeirão Preto, Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto.
Logomarca da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro
Locomotiva número 980, fabricada pela Hohenzorlen, recuperada pela ABPF - Campinas (Foto V. Zago).[i]
[i] Fonte: www.cmef.com.br .
Certamente a banda mais importante do início do século XX, em Ribeirão Preto, foi a Filhos de Euterpe, fundada, segundo Cruz Prates, em 1902. Foi a banda que teve o maior tempo de existência, dentre todas da primeira metade do século XX.
Euterpe
Segundo a Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Euterpe é a “musa que presidia à música e à qual se atribui a invenção da flauta e de outros instrumentos de sopro”. Presidir, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tem o sentido figurativo de dar orientação, guiar, orientar, nortear, com origem latina em “governar”. E, de acordo com mesmo dicionário, musa é “cada uma das nove deusas, filhas de Zeus e Mnemósine, que dominavam a ciência universal e presidiam as artes liberais”. Portanto, desde a escolha do nome de sua corporação, os integrantes da Filhos de Euterpe já deviam prever um futuro promissor para o seu trabalho, pois eram guiados por ninguém menos que Euterpe.
De acordo com Tathy Mariana, esta era a banda mais prestigiada e presente nos eventos noticiados. Apesar disso, num concurso para escolher a melhor banda, promovido pelo jornal A Cidade, em agosto de 1909, a Filhos de Euterpe ficou em 2º lugar, com 372 votos. A banda vencedora, com 590 votos, foi a Giacomo Puccini, que, no momento do concurso, era a responsável pelas retretas dominicais. Em terceiro lugar ficou a Progressista Mogiana.
Em 1909, porém, em certame organizado na cidade de São Paulo, a Filhos de Euterpe alcançou o segundo lugar, perdendo apenas para a Banda do Corpo de Bombeiros de Santos.
Segundo Maria Elizia Borges, outro fato que atesta a importância desta corporação é a notícia da construção de sua sede, em 1912.
A Filhos de Euterpe foi comandada durante toda sua existência pelo regente e compositor José Delfino machado.
José Gustavo de Camargo chama a atenção para o fato de que, no início do século XX, as bandas atuavam com muita frequência nos coretos das praças, então, os municípios passaram a financiar as despesas dessas atividades. Com isso, a atuação em bandas passou a significar uma forma de rendimento extra para os músicos, que exerciam outras atividades para seu sustento.
O jornal A Cidade, de 8 de maio de 1913, publicou o resultado de uma tomada de preços feita pela prefeitura municipal de Ribeirão Preto para a contratação de serviços de retreta a ser realizados no Jardim Público e no Bosque Municipal.
“Encerrou-se já o prazo para a apresentação de propostas para o serviço de retretas no Jardim e Bosque Municipal. Apresentaram propostas a Banda da Sociedade “Filhos de Euterpe”, que exige 600$000 mensaes pelo serviço, e o Sr. Baccaro, que exige 1.000$000, sendo 400$000 para elle regente e 600$000 para os vinte musicos que se propoe reunir. Sabemos que a Prefeitura vae enviar essas propostas á Camara para que ella delibere a respeito.” |
O Ambiente Musical
Ao examinar a efervescência atual da música de consumo, em Ribeirão Preto, podemos ter a sensação de que a cidade atingiu o ápice da produção de entretenimento musical. No entanto, creio que, se compararmos, proporcionalmente, os espaços de entretenimento musical da metade do século XX com os da atualidade, constataremos que eles se encontram em pé de igualdade.
O fato é que a força economia estimulada pela produção cafeeira proporcionou o surgimento de empresários dispostos a investir no setor de entretenimento, que criaram ambientes artísticos memoráveis. Com isso, quem saiu ganhando foi o a população ribeirão-pretana, a música e os músicos, dentre outros.
Thaty Mariana aponta a semelhança entre o desenvolvimento paulistano e o ribeirão-pretano, no que diz respeito a atividade artístico-musical:
“Os trabalhos sobre a cidade de São Paulo sugerem um modelo de estrutura formal e analítica, além de informações sobre como era o universo musical na capital, no mesmo período. A obra de José Geraldo Vinci de Moraes (1995) refletiu sobre as tensões e as dinâmicas sócio-culturais na formação das sonoridades paulistanas. Nesse período, São Paulo passava por transformações decisivas, de um centro rural, agropastoril e provinciano para uma cidade industrial e cosmopolita, habitada por pessoas vindas de diversas partes do mundo e do país, trazendo cada grupo os seus costumes e a sua musicalidade. O trabalho utilizou depoimentos de artistas e de outras pessoas que traziam recordações dessa época, e relatos de memorialistas. Dentro dessa diversidade, sobressaíram-se os intermediários culturais, aqueles agentes que contribuíram para a fusão e a difusão das culturas dos diversos grupos, comunicando-se com vários deles: os chorões paulistanos. Ribeirão Preto, na fase estudada, também passava por mudanças decisivas no sentido da urbanização e modernização, da diversificação social e cultural, com a introdução dos imigrantes em grande escala, principalmente após a criação do Núcleo Colonial Antônio Prado. Sua trajetória de mudanças e desenvolvimento se assemelhou em muitos aspectos com a cidade de São Paulo do início do século XX”[i]. |
Na primeira metade do século XX, muitas empresas voltadas ao entretenimento surgiram no cenário artístico ribeirão-pretano, no entanto, a Empreza Cassoulet foi a pioneira, a maior, a mais importante e a que serviu de modelo para todas que a sucederam. Administrou teatros, trouxe espetáculos dos grandes centros brasileiros – em especial, do Rio de Janeiro e de São Paulo, e, também, do exterior, com ênfase para Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai). Na época, estes eram os grandes centros urbanos latino-americanos que gozavam de estatuto moderno e sofisticado.
François Cassoulet, ou Francisco Cassoulet, como ficou conhecido, estabeleceu o modelo da comercialização do entretenimento urbano, de Ribeirão Preto, difundindo “padrões estéticos, fornecendo, por meio de seus artistas e filmes, modelos de comportamento, modas de vestuário e repertório musical”.
A Cassoulet, assim como as empresas que a sucederam, foi capaz de influenciar até mesmo a educação musical da cidade, pois também foi atuante na área de comercialização de partituras, instrumentos musicais, livros e discos.
A historiadora Thaty Mariana comenta alguns dos espaços dedicados ao entretenimento, em especial à música, criados por Francisco Cassoulet:
“François Cassoulet (ou Francisco) foi o mais notório empresário dos entretenimentos na cidade. Sua trajetória nesse ramo de atividade já foi estudada por Benedita Luiza da Silva. (...) Cassoulet abriu seu café-cantante, o Eldorado Paulista, ainda no século XIX, na Rua São Sebastião, entre as ruas Amador Bueno e Álvares Cabral. (...) O Eldorado Paulista contava com diversos tipos de atrações, inclusive exibição de filmes, mas predominavam os espetáculos ao vivo. Costumava ter sempre a seu serviço uma trupe, contratada para as apresentações por longas temporadas que chegavam a durar meses. Funcionava quase diariamente, inclusive com bailes no final das sessões. Os espetáculos musicais mais freqüentes eram de cançonetistas (solo ou em duplas) e cantores classificados como líricos. Os primeiros interpretavam canções populares, que divertiam o público; os segundos interpretavam trechos de óperas famosas, por isso seus espetáculos eram mais prestigiados. Havia uma orquestra a serviço do teatro, regida por Domingos Baccaro. (...) Este teatro deve ter passado por uma reinauguração em 1906. O número expressivo e a qualificação dos espetáculos demonstram o quanto era prestigiado e ativo”[ii]. |
Cançonetista é o profissional que interpreta pequenas canções (cançonetas), intercaladas com textos de humor. Um dos mais famosos cançonetistas brasileiros foi Manuel Pedro dos Santos, o Bahiano, intérprete do dito primeiro samba gravado, de Ernesto dos Santos (Donga) e Mauro de Almeida |
[i] Fernandes, Thaty Mariana (2001) A Música em Ribeirão Preto – Manifestações do começo do século XX, Ribeirão Preto, Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto. P. 13.
[ii] Idem. PP. 30-31.
Manuel Pedro dos Santos, o Bahiano
De acordo com Thaty Mariana, o jornal A Cidade, de 10 de outubro de 1908, nos informa sobre “3525 espetáculos nos quais trabalharam 574 artistas de ambos os sexos, sendo alguns de verdadeiro mérito e que depois de terem ‘feito furor’ aqui, foram recebidos com frenéticos aplausos pelas platéias da Europa e da America”.
Além do Eldorado Paulista, a Empreza Cassoulet também fundou outro importante espaço de entretenimento: o Casino Antarctica. Segundo informações da historiadora, ao seu lado funcionava a Rotizzerie Sportsman, que por vezes também apresentava algum tipo de espetáculo musical ou filme, e funcionava como restaurante e Buffet. A orquestra do Casino Antártica era comandada pelo Maestro Giovanni Gemme.
Outros dois espaços importantes para a música ribeirão-pretana foram o Bijou Theatre e o Paris Theatre. Os jornais da época os apontam como espaços freqüentados pela elite da cidade.
“Pelo Telefone” é frequentemente divulgado como sendo o primeiro samba gravado. No entanto, sabemos que, antes de sua gravação por Donga, havia mais de quatorze gravações, anteriores a 1917- ano de sua gravação -, denominadas samba no selo original. |
Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga.
O primeiro grande teatro de Ribeirão Preto foi o Theatro Carlos Gomes, construído com recursos de um grupo de empresários capitaneados por Francisco Schmidt, o rei do café. Foi inaugurado em 1887, na área central de Ribeirão Preto, em frente à Praça XV (Jardim Público), no lado oposto ao Theatro Pedro II, que àquela época não existia.
“A construção do Theatro Carlos Gomes obedecia à estrutura clássica de um teatro de ópera, com plateia (400 poltronas), galeria (200) poltronas), camarotes, frisas e foyer[1]. Seu interior era suntuoso, feito com materiais nobres. (...) Sua inauguração aconteceu em 7 de dezembro, com a prestigiada companhia lírica italiana De Matta, que apresentou O Guarani, de Carlos Gomes.”[i] |
Embora o objetivo da construção do Theatro Carlos comes tenha sido o abrigo de espetáculos de “alto nível” para a elite intelectual da época, ou seja, espetáculos das companhias líricas e dramáticas estrangeiras, os espetáculos populares também fizeram parte de sua história. Por seu palco passaram teatros de revista, cançonetistas, projeções de filmes e até mágicos, acrobatas e lutadores. No entanto, Thaty Mariana chama a atenção para o fato de que “mesmo quando os espetáculos populares ocupavam aquele espaço, sua própria estrutura suntuosa o diferenciava e o tornava local próprio para ser frequentado pelas elites. François Cassoulet foi administrador do Theatro Carlos Gomes.
O teatro de revista é um espetáculo composto de números musicais e coreográficos, humorismo, atrações circenses etc. Alcançou grande popularidade no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, pela crítica bem-humorada com que enfocava certos aspectos do cotidiano do país. |
[1] Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, salão, nos teatros, onde os espectadores aguardam o início de uma apresentação ou tomam drinques etc. nos intervalos.
[i] Idem. Pp29-30
Interior do Theatro Carlos Gomes. Fotógrafo: J. Gullaci (APHRP)
Lateral do Theatro Carlos Gomes.
Grandes músicos e compositores
José Delfino Machado
- Nasceu em São Paulo em ano desconhecido e faleceu em 1942. Morou em Ribeirão preto por muitos anos.
- Foi regente da banda Filhos de Euterpe.
- Compôs várias músicas, que, frequentemente, eram executadas pela banda.
- Suas composições eram comercializadas em partitura.
- Em1916, teve duas composições premiadas em um concurso promovido pela revista carioca O Malho: “One Step” recebeu o primeiro prêmio e “A Tua Trancinha” ficou em terceiro lugar.
- Vagaroza (polka), Capadócio (rapsódia); Minas Geraes (marcha) e Zezinha (mazurka) são algumas de suas composições.
José Delfino (em pé, de perfil, à esquerda)
Max Bartsch
- Alemão, de Nuremberg, nasceu em 1888 e faleceu, em Ribeirão Preto, em 1910. Veio com seus pais e irmãos para o Brasil, na década de 1970.
- Foi jardineiro da prefeitura. Exercendo esta profissão, plantou a palmeiras da Praça da Bandeira, XV de Novembro e Schmidt e o gramado do estádio do Comercial Futebol Clube.
- Posteriormente trabalhou na Cervejaria Antarctica.
- Estou música desde muito cedo.
- Por volta de 1928 criou o Quinteto Max, com Camilo Mércio Xavier, Francisco de Biase, Artur Marsicano e Ranieri Maggiori.
- Com seu grupo, participou, frequentemente, dos programas da rádio P.R.A. 7, a primeira rádio do interior do Brasil.
- Foi líder da Jazz Band do Cassino Antactica.
- Foi o primeiro presidente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, mas nunca atuou como músico da orquestra.
Quinteto Max
- Nasceu em 1884 e faleceu de tuberculose, em 1924.
- Apesar de viver apenas quarenta anos, produziu uma pequena, mas significativa obra.
- Estudou piano e composição, no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, com Francisco Braga e Alfredo Bevilacqua.
- Foi amigo de Heitor Villa-Lobos.
O Diário da Manhã, de dezembro de 1924, dá a seguinte notícia:
“(...) sabemos que os maestros Francisco Braga e Heitor Villa Lobos pensam em fazer levar dentro em breve a ópera ‘Jaty’ do nosso malogrado conterrâneo, do qual só é conhecido o “Interlúdio”. (...) Falar de Homero Barreto como pianista é coisa desnecessária, pois ainda bem viva deve estar na memória de todos a lembrança de seus concertos nesta cidade”[i] |
Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Maior compositor brasileiro de música de concerto
Menotti Del Picchia – importante jornalista, escritor, pintor e jornalista, dentre outras atividades – declarou o seguinte sobre Homero Barreto, em artigo publicado no Correio Paulistano:
“(...)É tempo de, nos nossos concertos, dar-se o lugar que merecem às creações da sua alta intelligencia. É um crime deixarem inéditas as obras de tão grande artista. (...) Homero é um artista brasileiro e seu nome merece a consagração do Brasil”[ii] |
Nos anos 1970, a prefeitura criou, por lei municipal, a Semana Homero Barreto, todavia, atualmente tal lei foi esquecida.
Belmácio Pousa Godinho
- Nasceu em Piracicaba, em 27 de maio de 1892, e faleceu, em Ribeirão Preto, em 1980.
- Além de professor primário, era jogador de futebol. Foi um dos fundadores do XV de Novembro Piracicabano.
- Em 1917, mudou-se para Ribeirão Preto para atuar no Comercial Futebol Clube, time com o qual participou da famosa excursão ao norte do país. Tal excursão inspirou Belmácio a compor o hino do clube.
- Segundo Thaty Mariana, sua primeira flauta profissional foi trazida da Itália por Patápio Silva.
Patápio Silva é considerado um dos maiores flautistas brasileiros de todos os tempos. Morreu em 1907, com apenas 27 anos.
- Foi proprietário da loja A Musical (pianos e partituras). Sua família foi proprietária da Belmácio Pianos (Av. Independência). Segundo Míriam Strambi, Belmácio foi o maior vendedor de pianos do interior paulista.
- Além de seresteiro, tocava em festas litúrgicas, teatro de revista, óperas e na Orquestra Lozano.
- Foi proprietário de orquestra que tocavam em bailes de formatura, reuniões cívicas e em cinemas, quando os filmes ainda eram mudos.
- Em 1916, suas partituras já eram anunciadas em jornal.
- Foi um dos primeiros compositores de jingles da cidade.
- Sua composição “O Mulatinho” foi trilha sonora do filme “Volta ao Mundo”, de Walt Disney.
- Suas obras foram gravadas e/ou interpretadas, dentre muitos outros músicos e cantores, por Vicente Celestino, Hebe Camargo, Os oito Batutas e Orchestra Andreozzi (Cine Odeon do Rio de Janeiro).
Jingle (lê-se “dingou”) é o nome técnico dado às canções usadas para fazer propagandas de produtos, política etc. |
Oito Batutas, conjunto criado por Pixinguinha, em 1919, foi reconhecido pela elite carioca e levou a música brasileira aos espaços destinados unicamente à música estrangeira.
A Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto - OSRP
Muitas rádios brasileiras foram fundas a partir de sociedades de amigos, que se uniram para criá-la. Não é sem motivo que muitas delas tem o termo “clube” em seu nome, a exemplo da Clube FM de Ribeirão Preto.
Da mesma maneira, em todo o Brasil, muitas pessoas se uniram em torno da música, criando sociedades para a sua promoção, tais como a Sociedade de Concertos Synphonicos de Ribeirão Preto e a Sociedade de Cultura Artística de Ribeirão preto.
Em 22 de maio de 1938, capitaneada pelo alemão radicado em Ribeirão Preto Max Bartsch. A Sociedade de Cultura Artística de Ribeirão Preto que fundou a Sociedade Musical de Ribeirão Preto, que viria a ser a mantenedora da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Somente no ano seguinte é que foi criada a Orquestra do Theatro Municipal de São Paulo.
“No início do século XX, surgiram as primeiras sociedades sinfônicas, com o objetivo de manter conjuntos orquestrais para concertos constantes do repertório erudito: a Sociedade de Concertos Sinfônicos de Ribeirão Preto (1923), A Sociedade Cultura Artística de Ribeirão Preto (1937) e a Sociedade Musical de Ribeirão Preto (1938), seguindo a tendência das formações das sociedades sinfônicas tanto do Rio de Janeiro, como de São Paulo – cidade na qual Andrade (1934) identifica a Sociedade de Concertos Sinfônicos de São Paulo, a Sociedade Sinfônica de São Paulo e A Sociedade Cultura Artística de São Paulo”[i] |
De acordo com a professora Gisele Haddad, em 1938, muitos maestros residiam na cidade de Ribeirão Preto. Para o primeiro concerto da orquestra recém-criada, foi feito um sorteio cujo vencedor foi o italiano Antônio Giammarusti. Tal concerto foi realizado no dia 21 de setembro de 1938.
Àquela época, toda a diretoria e músicos trabalhavam voluntariamente para a orquestra, conta-se que a dedicação de Ignázio Stábile era tão grande a ponto de o maestro chegar mais cedo aos ensaios e concertos para limpar e arrumar as estantes e cadeiras dos músicos.
[i] Haddad, Gisele Laura (2011)Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto – Representações e Significado Social – Coelção Nossa História, Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto. pp. 40-41.
O maestro Ignázio Stábile à frente da OSRP. Foto do AHPMRP.
Outro belo exemplo de dedicação dos fundadores da OSRP nos é contado por Gisele Haddad:
“Na noite de 17 de julho de 1939, com o objetivo de levantar fundos para a compra de instrumentos para a Sociedade Musical de Ribeirão Preto, Giammarusti conseguiu realizar, no Theatro Pedro II, um recital pianístico com suas alunas. Produziu esta apresentação com doze pianos no palco, emprestados pelas famílias da cidade; foi um recital com apresentações de piano solo e de conjuntos com doze e vinte e um executantes, todos tocados por suas alunas. (...) O recital de piano do prof. Giammarusti pode ser considerado como a primeira campanha para a aquisição de instrumentos da história da OSRP”.[i] |
Maestro Antônio Giammarusti com suas alunas, em audição de piano, na década de 1920. Foto extraída do llivro Ruas e Caminhos: um passeio pela História de Ribeirão Preto, do AHPMRP. Apud. Gisele Haddad.
Como não poderia deixar de ser, Max Bartsch foi seu primeiro presidente e Ignázio Stábile seu primeiro regente titular. Max Bartsch também é o autor da famosa frase: “A boa música educa o povo”, impressa nos primeiros programas dos concertos da OSRP.
O regente titular é o responsável pela direção artística da orquestra e aquele que assume seu comento nos momentos mais importantes. |
A OSRP atualmente é a segunda orquestra mais antiga do Brasil em funcionamento ininterrupto. Fica atrás apenas da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), que foi fundada em 1937.
Nota: Infelizmente, o projeto foi abortado. Desse modo, suspendi minhas pesquisas, mas acredito que poderei, futuramente, prosseguir na empreitada. Caso não a conclua, fica a sugestão para os jovens pesquisadores.
[1] Fernandes, Thaty Mariana (2001) A Música em Ribeirão Preto – Manifestações do começo do século XX, Ribeirão Preto, Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto.
[1] Camargo, José Gustavo J. de (s.d.) Trajetória da Criação Musical em Ribeirão Preto – Rol de compositores e suas atividades. (impressão em documento Word).
[1] Cruz Prates, Prisco da, apud Camargo, José Gustavo J. de (s.d.) Trajetória da Criação Musical em Ribeirão Preto – Rol de compositores e suas atividades. (impressão em documento Word).
[1] Fernandes, Thaty Mariana (2001) A Música em Ribeirão Preto – Manifestações do começo do século XX, Ribeirão Preto, Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto.
[1] Fonte: www.cmef.com.br .
[1] Fernandes, Thaty Mariana (2001) A Música em Ribeirão Preto – Manifestações do começo do século XX, Ribeirão Preto, Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto. P. 13.
[1] Idem. PP. 30-31.
[1] Idem. Pp29-30
[1] Idem. PP. 79-80
[1] Idem. P. 81.
[1] Haddad, Gisele Laura (2011)Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto – Representações e Significado Social – Coelção Nossa História, Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto. pp. 40-41.
[1] Idem.
Márcio Coelho é Secretário de Cultura do PT de Ribeirão Preto
Comentários