Jornalista diz que funcionários da Cultura só 'coçam o saco'
Foto: Arquivo Rede PT
"...proponho ao jornalista Eduardo Schiavoni que peça desculpas aos funcionários da Secretaria da Cultura e procure informações sobre a gestão pública da cultura da cidade, pois, só assim, é possível emitir opiniões acerca de um assunto..." Márcio Coelho - Secretário de Cultura do PT de Ribeirão Preto
Em matéria anterior, denunciei a má gestão da cultura e suas ilegalidades visando à implantação do projeto Fábrica de Cultura 4.0. Nessa, quero falar das irresponsáveis afirmações do jornalista Eduardo Schiavoni.
Na edição do dia 15/07, do programa Nova Manhã, da rádio Nova Brasil, do Grupo Thathi (veja vídeo abaixo), o jornalista afirmou que a pior secretária da cultura desde 1993, Isabella Pessotti, vem desenvolvendo um bom trabalho, além de dizer, literalmente, que os funcionários da pasta só “coçam o saco”.
Tais afirmações, dentre outras, são levianas, irresponsáveis e denotam desconhecimento do campo da gestão pública da cultura na cidade, como demonstrarei a seguir, analisando cada afirmação de Schiavoni.
Ele começa afirmando que a Isabela Pessotti talvez seja “a secretária que mais apanha, e injustamente”. Não, Eduardo, ela sofre muitas críticas, mas todas são pertinentes, pois ela é subserviente ao prefeito, arrogante em relação ao trato com o Conselho Municipal de Política Cultural, com os trabalhadores da cultura e com a sociedade civil organizada. Resumindo, uma secretária não afeita à gestão democrática da cultura.
Poderia citar vários exemplos negativos de sua gestão, como a excessiva demora para propor algo que pudesse amenizar os impactos da pandemia na área cultural e o excesso burocrático para a implantação da Lei Aldir Blanc, na cidade, que quase resultou na devolução de mais de dois milhões de reais aos cofres do estado, ao passo que a comunidade dos trabalhadores da cultura sofria com a paralização das suas atividades. No entanto, prefiro fazer-lhe um desafio:
Caro jornalista, cite um projeto importante para a cultura da cidade que tenha tido origem na gestão da Isabella Pessotti ou algo que possa ter confundido a sua mente para tal estapafúrdia afirmação.
Em seguida, Eduardo, acusa o CONPPAC de se calar quando a prefeitura instalou um “pórtico ridículo no Calçadão”, mas “enche o saco”, quando a prefeitura traz um projeto excelente para a cidade, que pode acabar com a prostituição, o tráfico de drogas e o abandono de animais no morro de São Bento.
Primeiramente, caro jornalista, não é função da Secretaria da Cultura, muito menos do projeto Fábrica de Cultura 4.0 combater diretamente a prostituição, o tráfico de drogas ou o abandono de animais e, sim, promover a fruição e o fazer cultural, propiciando a ampliação do capital cultural a pessoas que a ele tem pouco ou nenhum acesso.
Outra coisa, o CONPPAC não embargou a obra por causa disso, mas porque a Casa da Cultura é um patrimônio histórico e, você deve saber, que patrimônios históricos não podem ser modificados sem a orientação de especialistas, tanto que no ofício nº 078/2022, enviado ao CONPPAC, a secretária recebeu o embargo e solicitou orientações, que deveria ter pedido antes de começarem as obras.
Logo na sequência, Eduardo Schiavoni afirma que o Museu Histórico está em reforma há 6 ou 7 anos e que “um telhado já caiu e o CONPPAC não fez nada”. Ora, meu caro, o CONPPAC fiscaliza, não é função dele fazer nada. Quem deveria ter feito é a secretária que o senhor diz que está desenvolvendo um bom trabalho. Então, eu lhe pergunto:
Como ela está fazendo um bom trabalho, se esse museu, está em reforma ao mesmo tempo em que ela é secretária? A culpa do descaso com as obras dos museus é do CONPPAC ou da Isabella e do Nogueira, que estão levando as reformas dos museus em banho-maria e, provavelmente, não as concluirão, mesmo tendo tido a oportunidade de um novo mandato?
Infelizmente, os pequenos passos que foram dados nessas reformas decorreram das cobranças do Ministério Público, do CONPPAC e da sociedade civil organizada. Ao contrário do que o jornalista disse, a imprensa é que está calada em relação ao desprezo que administração Nogueira dispensa ao patrimônio histórico da cidade. Essa sim, nesse caso, anda silente.
O ponto nevrálgico de infundadas afirmações é quando ele diz que os funcionários da Secretaria da Cultura ficam “coçando o saco, no Morro de São Bento”.
Fui funcionário comissionado da Secretaria da Cultura, de 1993 a 1996. Nessa época, minha opinião mudou radicalmente em relação ao que o senso comum diz dos servidores públicos, Com raríssimas exceções, convivi com um time de funcionários estatutários muito competentes, trabalhadores, solícitos e com muito prazer de fazer o que faziam.
Desse modo, proponho ao jornalista Eduardo Schiavoni que peça desculpas aos funcionários da Secretaria da Cultura e procure informações sobre a gestão pública da cultura da cidade, pois, só assim, é possível emitir opiniões acerca de um assunto. Caso contrário, tal fala me soará como uma opinião encomendada, para a defesa do indefensável.
É isso!
Márcio Coelho - Secretário de Cultura do PT de Ribeirão Preto
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