Antônio Palocci Filho
Mais novo dos quatro filhos do artista plástico Antônio Palocci e de Antônia, a Dona Toninha, Antônio Palocci Filho nasceu em 4 de outubro de 1960, em Ribeirão Preto, é casado com a médica sanitarista Margareth Palocci e tem uma filha, Carolina, e dois enteados, Marina e Pedro. Desde a juventude demonstrou capacidade de ouvir, dialogar, liderar e articular ações políticas. Já na juventude, quando era estudante, presidiu o Centro Acadêmico Rocha Lima, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), de Ribeirão, e liderou movimentos estudantis. Ele também militou na Liberdade e Luta (Libelu), um movimento de tendência trotskista.
Ainda na juventude, Palocci participou das fundações do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Foi um dos primeiros filiados do PT no município e integrou a corrente O Trabalho, também de tendência trotskista. Em 21 de junho de 1981, Palocci foi o 155º participante (de 425, no total) a assinar a lista de presença da 1ª Convenção do PT, que oficializou a criação da legenda em Ribeirão Preto.
Palocci começou a trabalhar com 18 anos, ministrando aulas para estudantes de cursinhos. Formou-se médico em 1983, aos 23 anos, prestou concurso, foi aprovado e passou a atuar como médico sanitarista, ocupando o cargo de diretor da Vigilância Sanitária do Sistema Único e Descentralizado de Saúde (SUDS), do governo estadual, durante três anos. Na função, ele participou de fiscalizações importantes, como a regularização dos bancos de sangue do município (que tinham sérios problemas, com riscos de contaminações pelo vírus HIV, da recém-descoberta aids) e da fábrica de bolachas Mabel (onde foram encontrados coliformes fecais em produtos). Integrou ainda a equipe que planejou o Hemocentro do Campus da USP de Ribeirão Preto.
Na primeira metade da década de 1980, ele liderou várias greves de trabalhadores, como a dos boias-frias da cana-de-açúcar de Guariba.
No Legislativo
Com a experiência adquirida nas mobilizações de movimentos sociais, Palocci participou de sua primeira eleição política em 1988. Com o reconhecimento desse trabalho sério e corajoso, elegeu-se vereador, com 3.482 votos, aos 28 anos. Na Câmara Municipal, preocupou-se em moralizar o legislativo, foi autor do projeto que acabou com a aposentadoria especial dos vereadores após 8 anos de mandato e conseguiu a aprovação do fim do voto e das sessões secretas, além de criar a Tribuna Livre no Legislativo. Com seu potencial papel de articulador, legislou na defesa de interesses populares e foi o mais atuante vereador durante a Constituinte Municipal.
Em 1989, Palocci liderou a campanha regional de Luiz Inácio Lula da Silva a presidente, o que também o ajudou a se projetar e a ser eleito, em 1990, deputado estadual, com 20.290 votos, sendo 14.845 deles dentro de Ribeirão Preto. Como deputado, atuou, articulou e aprovou a Lei do Pardo, que criou normas para a industrialização e a recuperação do rio Pardo. Palocci propôs na Assembleia a inclusão do suco de laranja na merenda escolar e a instituição da coleta seletiva do lixo. Além disso, Palocci denunciou o desperdício de 500 milhões de dólares da Fepasa.
No Executivo
Com mais experiência acumulada, Antônio Palocci articulou a criação da Frente Popular e Democrática, composta de partidos progressistas com ênfase em partidos de esquerda, como o PSB, o PPS, o PCB e o PCdoB, que se juntou na coligação. Já compunham essa Frente os partidos de centro, PSDB e PV. Esses partidos discutiam, inicialmente, o programa de governo e a aliança eleitoral. Somente após amplo debate com a sociedade, Palocci foi lançado candidato pela Frente em 1992, usando na campanha o slogan “Nada será como antes”. Chegou ao segundo turno e foi eleito, aos 32 anos, prefeito de Ribeirão, com 112.359 votos.
A administração petista de Palocci foi marcada por inovações e parcerias com a iniciativa privada, o que o projetou nacionalmente. Em sua gestão, estabeleceu quatros pilares que nortearam as ações do governo: prioridade de investimento na área social; reurbanização; saneamento urbano e o desenvolvimento da cidade. Assim, foi criado o Fórum da Cidade, que iniciou a construção do Distrito Empresarial. Após intenso trabalho, foi restaurado e reinaugurado o Theatro Pedro II (vítima de incêndio em julho de 1980). Em 4 de maio de 1994, Palocci lançou a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), considerada a segunda maior feira do gênero no mundo. Com a criação do Programa de Concessões e Parcerias foi iniciado o Projeto das Estações de Tratamento de Esgoto Urbano, o Programa de Lotes Urbanizados e feita a abertura do capital da Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto (Ceterp). Palocci implantou o Programa de Garantia de Renda Mínima e o Ribeirão Criança, além de centenas de obras pela cidade, muitas delas aprovadas no Conselho do Orçamento Participativo, criado nesta administração.
Pela atuação como prefeito, Palocci recebeu do Unicef, em 1995, o prêmio Criança e Paz, por defender os direitos da criança e do adolescente. No ano seguinte, junto com a prefeitura de São Paulo, recebeu o prêmio Juscelino Kubitschek pelo trabalho de apoio às micro e pequenas empresas. Tais programas e iniciativas como administrador levaram Palocci a obter mais de 80% de aprovação popular na saída do governo. Na época, porém, não era permitida a reeleição de ocupantes de cargos executivos.
Sem cargo público, Palocci criou um centro de estudos de desenvolvimento de projetos públicos e presidiu o PT de São Paulo entre 1997 e 1998, ano em que foi candidato a deputado federal e obteve 125.462 votos, eleito com a 16ª maior votação do Estado. Antes do pleito, seu nome foi cogitado para disputar uma vaga no Senado e até ser candidato a governador de São Paulo. Mas, como deputado federal, trabalhou na Comissão da Reforma Tributária e foi um dos parlamentares com melhor desempenho no Congresso Nacional, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – (Diap).
Devido à sua anterior administração de sucesso, em 2000 Palocci concorreu novamente ao cargo de prefeito de Ribeirão Preto. Foi eleito com 146.112 votos (56%) ainda no primeiro turno, índice ainda não superado. Voltou a articular parcerias com a iniciativa privada e efetivou a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), criada no Programa de Concessões e Parcerias do seu primeiro governo. Lançou a Feira Nacional do Livro, implantou o programa Primeiro Emprego e criou o Leva e Traz no sistema de transporte urbano gratuito. Em 2002, Palocci recebeu a homenagem de Amigo do Livro, da Câmara Brasileira do Livro (CBL), por criar um programa que abriu 80 bibliotecas em Ribeirão Preto e aumentou o índice de leitura na cidade.
Essa maneira de condução política, de aliança entre o trabalho e o capital, ou seja, de Palocci pelo PT e de Gilberto Maggioni pela classe empresarial, associada aos projetos de sucesso no município, foi o embrião da futura campanha presidencial, finalmente vitoriosa em 2002. Com este modelo de Ribeirão Preto, Luiz Inácio Lula da Silva aliou-se ao empresário José Alencar, que foi o seu vice.
No Governo Federal
O poder de articulação e diálogo com setores empresariais, da sociedade civil e do mercado internacional, capacitou Palocci a coordenar o programa de governo de Lula a presidente da República, em 2002, deixando o posto de prefeito ao seu vice, Maggioni. Com a histórica eleição de Lula, o futuro presidente convocou Palocci para coordenar o governo de transição e, depois, assumir o Ministério da Fazenda, considerado o segundo mais importante da República.
Como ministro, Palocci foi o responsável pela definição da política econômica do primeiro governo do PT, reconstruiu com árduo esforço a credibilidade nacional e internacional, conduzindo com maestria as delicadas negociações com a banca internacional e o FMI. Foi Palocci quem escreveu a Carta ao Povo Brasileiro.
Inexperiente para o cargo, Palocci foi, para muitos, um sucesso surpreendente: o primeiro ministro da Fazenda petista implementou medidas que levaram à queda da inflação, ao crescimento recorde das exportações e ao aumento do consumo, e, com seu estilo tranquilo e seu jeitão interiorano, conquistou a confiança dos brasileiros. Através da contenção da escalada inflacionária e da expansão da dívida pública, já em 2004, o Brasil deu os primeiros sinais de recuperação. O crescimento registrado foi de 5,2%, maior índice verificado até então desde 1994. A indústria também cresceu 8,3% e fez com que a economia aumentasse a oferta de empregos.
Ações colocadas em prática nesse período se tornaram referência em gestão financeira, como o crédito consignado em folha de pagamento e os investimentos sociais, como o programa Bolsa Família, que, em 2004, aplicou mais de R$ 5 bilhões, o dobro aplicado em programas de transferência de renda no início do governo. Ainda neste ano, Palocci recebeu pela segunda vez o diploma de Amigo do Livro, ao promover a desoneração fiscal do livro no Brasil. Depois de se tornar o ministro mais popular do governo, pediu demissão em 27 de março de 2006. No mesmo ano, obteve 152.246 votos e foi eleito novamente deputado federal (o 25º mais votado no Estado).
Em 2010, Palocci assumiu mais uma vez uma coordenação de campanha, agora a de Dilma Rousseff para presidente. Com a eleição de Dilma, a primeira mulher presidente do Brasil, ele assumiu o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, cargo ocupado até 7 de junho de 2011. Após esse período, Palocci passou atuar na iniciativa privada, com consultorias empresariais.