David Aidar

David Aidar David Aidar nasceu em 21 de fevereiro de 1929, em Santos (SP), fez o ginásio e o colégio em São Paulo e em Sorocaba, onde também cursou Técnico em Contabilidade e iniciou o curso Normal, para formação de professor primário. Concluiu o Normal em Campinas, ao mesmo tempo em que fazia Teologia, no qual se diplomou em 1953. Como pastor presbiteriano e professor trabalhou em Carangola e Conceição do Ipanema, no interior de Minas Gerais até 1955, quando voltou a Sorocaba para começar um novo curso, desta vez na Faculdade de Medicina da PUC (Pontifícia Universidade Católica), formando-se em 1960. Como médico, trabalhou de 1961 a 1969 em Rio Verde e Jataí (Goiás) e em Cassilândia (Mato Grosso do Sul). Mudou-se para Ribeirão Preto em 1969, ano do AI-5, da escalada da censura e do aumento da repressão violenta aos movimentos estudantis e manifestações políticas contrárias ao regime militar.

Seu interesse pelos problemas brasileiros e pela política começou ainda no colégio, em Sorocaba, com questionamentos sobre a influência norte-americana na economia do Brasil na era da ditadura Vargas. Por causa de seus questionamentos, um professor lhe disse para tomar cuidado por que muitos estudantes vinham sendo presos pela polícia política. No curso de Medicina, nos conturbados anos de transição do governo de Juscelino Kubitschek para o de Jânio Quadros, com muita agitação partidária, sua turma de cerca de 30 formandos foi proibida pela direção da PUC de realizar a festa oficial de formatura. Na solenidade extraoficial realizada por eles com ajuda dos parentes, a universidade não enviou representantes e a cúpula da igreja Católica proibiu a participação de padres no culto ecumênico, que foi celebrado por um pastor protestante e teve a presença de apenas um professor da faculdade, simpático aos estudantes.

A Medicina passou a ser sua ocupação principal, mas David manteve sua participação das atividades de igrejas Presbiterianas em todas as cidades em que morou, atuando como pastor auxiliar e professor. Numa das aulas para uma turma de jovens de uma igreja em Sorocaba, ainda universitário da PUC, defendeu a idéia de que a Bíblia deveria ser tomada como um relato de fé e não como documento histórico. Essa opinião lhe valeu o afastamento das aulas dominicais na ocasião. Em Rio Verde, de 1961 a 1964, participou de um programa de entrevistas da rádio local chamado "O povo quer saber", suspenso após o golpe militar.

Em 1969, especializou-se em Dermatologia, atuando na Policlínica Ribeirão Preto e em hospitais de cidades da região, como Nuporanga, Barrinha e Sertãozinho na década de 1970. Nessa época ajudou a fundar a cooperativa de médicos Unimed.

Com sua vocação humanista, reforçada pela formação de pastor e de professor, continuou a dar palestras. Lecionou no Colégio Metodista de Ribeirão Preto, até ser desligado da escola por não concordar em parar de falar em suas aulas dos protestos políticos e movimentos de oposição.
Na década de 80 passou a integrar o quadro de médicos da Secretaria Estadual do Trabalho. Como médico do trabalho, por quase 15 anos percorreu os municípios da região e conheceu as condições dos empregados de muitas empresas e usinas de açúcar e álcool. Nessa época, viu de perto os efeitos nocivos, para trabalhadores e classes mais pobres, do descaso dos governos militares com educação, saúde e direitos trabalhistas.

A luta pela redemocratização e por condições de vida mais dignas para todos o levou a se juntar a companheiros que, embalados pelo ânimo dos movimentos de trabalhadores do ABC paulista, de estudantes e outros brasileiros de várias regiões do país, fundaram o PT em Ribeirão Preto. “Terra, trabalho e liberdade” era uma das palavras de ordem do partido que nascia.
Acreditando em dias melhores para a democracia e para o respeito aos direitos humanos, envolveu com seu entusiasmo a família, amigos e levantou recursos para se candidatar a deputado federal na primeira eleição a que o partido concorreu, em 1982. Não se elegeu, apesar dos quase dez mil votos recebidos em todo o estado.
Nessa época, por causa de sua militância política, recebeu em casa a visita de representantes da igreja Presbiteriana de Ribeirão Preto que, sem nenhum processo formal, lhe confiscaram a carteira de pastor, cassando-lhe a licença de fazer pregações.

Mas o importante para ele sempre foi participar com fé e espalhar seu otimismo e esperança nos muitos discursos de campanha, em que adaptava citações da Bíblia à realidade atual. Numa das ocasiões, após um comício em Barrinha, uma senhora o convidou para "repetir aquele sermão" na igreja dela.
David foi o segundo presidente do diretório de Ribeirão Preto, e, esteve presente em muitas das ocasiões cruciais para o crescimento do PT na região. Na revolta dos bóias-frias de Guariba, além do apoio pessoal aos trabalhadores, fez com talento e sensibilidade um desenho, a partir de uma foto publicada numa revista, que foi usado como cartão postal e distribuído durante muitos anos nas lojas do PT como símbolo da luta dos trabalhadores rurais.

Sempre com a mesma disposição, batalhou pela união do diretório municipal e estadual, até em crises internas em que ajudou a impedir dissidências. Foi candidato outras duas vezes, contribuindo ativamente nas campanhas vitoriosas de vários companheiros na cidade e no Estado. Aposentado desde o final dos anos 90, continuou atuando nas principais campanhas petistas, inclusive nas vitoriosas eleições de Lula e Dilma para a Presidência da República.

Viúvo de Nadyr de Almeida Aidar, com quem teve 6 filhos, doutor David, como ainda hoje é chamado pelos amigos, continua vivendo na mesma casa em Ribeirão Preto, acompanhando com atenção todos os fatos da política e torcendo por um Brasil em que exista cada vez mais dignidade para todos.
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