Guilherme Simões Gomes nasceu em 17 de dezembro de 1913, na Fazenda Jenipapo, localizado no então ainda bairro rural Santa Cruz de José Jacques, em Ribeirão Preto. Filho do imigrante português Joaquim Simões Gomes, que chegou à região para trabalhar na extensão dos trilhos da Mogiana e tornou-se fazendeiro de café, além de ter sido um dos fundadores da Sociedade de Beneficência Portuguesa.
Guilherme foi criado ao lado de outros sete irmãos (de um total de 14). Formou-se na Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), em 1940, e, além de dentista, seguiu a carreira acadêmica na mesma instituição, aposentando-se em 1980. Em 1944 ele participou da fundação da Associação Odontológica de Ribeirão Preto (AORP), da qual também foi presidente.
Na política, Guilherme tornou-se inicialmente um entusiasta de Adhemar Barros, devido às escolas inauguradas nas cidades, e ingressou no Partido Social Progressista (PSP), fundado por Barros. Em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros como presidente do Brasil, ele presidiu, em Ribeirão Preto, a Frente da Legalidade, um movimento em defesa da legalidade e do respeito à Constituição e favorável à permanência na democracia. Em 1963, já pelo Partido Socialista Brasileira, ele foi candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Antonio Carlos Machado Sant’Anna.
Com ideais socialistas, mas não comunista, Guilherme Simões Gomes foi um militante político ativo quando julgou necessária sua participação. Apoiou um grupo de universitários e secundaristas que lutavam contra a ditadura, instalada no Brasil no golpe de 1964. Ao levar alimentos e roupas ao grupo, numa fazenda de Guatapará, soube que ali era um campo de treinamento da Frente Armada de Libertação Nacional (FALN). Foi preso com os participantes em 19 de outubro de 1969. Sofreu tortura física (choques elétricos) e psicológica (ameaça do uso da “roleta russa”), no quartel de Ribeirão Preto e após 31 dias foi transferido para o Presídio Tiradentes, em São Paulo. Ali, atuou como dentista no consultório do presídio, atendendo os companheiros presos e funcionários da prisão e seus parentes, além de sofrer psicologicamente ao ouvir as torturas praticadas contra os companheiros detidos.
Guilherme Simões Gomes foi solto em 20 de abril de 1971 e, depois de uma condenação inicial, na apelação foi absolvido pela Justiça Militar em 5 de julho de 1972. Depois dos 18 meses na prisão, em 1972 ele se transferiu para Recife, onde ficou quase dois anos, dirigindo o curso de pós-graduação na Faculdade de Odontologia de Pernambuco. Em 1973 retornou a Ribeirão Preto. Ele também trabalhou na criação da Faculdade de Odontologia de Maringá (PR), entre 1988 e 1996.
Na vida política ribeirão-pretana, após a aposentadoria na vida acadêmica, Guilherme Simões Gomes foi um dos fundadores do Diretório Municipal (DM) do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1981. Mesmo sem condições de ganhar a eleição, em 1982 ele foi candidato a prefeito de Ribeirão Preto pelo PT, obtendo 6.677 votos, ficando na sétima colocação entre os 11 disputantes. Ele dava o pontapé inicial para o PT deslanchar nas próximas eleições.
No livro “Histórias do Professor Simões”, escrito pela sobrinha Fernanda Ripamonte, e lançado em 2002, pela JetGraphic, o capítulo “PT – A Política Social” tem uma declaração de Guilherme sobre o novo partido: “Posso registrar a história do PT no livro de minha vida. Eleito com 146.112 votos, pela segunda vez e no primeiro turno, com 56% dos votos válidos o companheiro Antônio Palocci Filho tomou posse em 2000. Meu particular amigo é hoje o prefeito de Ribeirão Preto. Tendo eu completado 88 anos de vida e sendo um cidadão ligado desde o nascimento a Ribeirão Preto, única cidade de meu domicílio e onde defini meu destino político, estive atuante e presente desde a primeira hora do PT.”
Casado com Nydia, com quem teve três filhos, Guilherme Simões Gomes faleceu em 17 de junho de 2007, em Ribeirão.