Márcio Coelho: Desastroso, cínico, inadmissível e deplorável
Blog do Esmael
O desastroso, cínico, inadmissível e deplorável pronunciamento de Roberto Alvim é apenas o pus da ferida aberta na gestão pública da cultura pelo protofascismo bolsonariano.
Depois de três diferentes tentativas de se explicar, ficou claro que o diretor de teatro, que ganhou notoriedade por xingar – e apenas por isso - a maior dama do teatro brasileiro, Fernanda Montenegro, de “sórdida e mentirosa”, não passa de um admirador do nazismo, ou um “filofascista”, como elegantemente o adjetivou o jornalista Fernando Brito.
Roberto Alvim é a bactéria que provocou o pus, mas não sem a anuência de seu chefe, que numa live que foi ao ar algumas horas antes do tal pronunciamento, disse o seguinte:
"Ao meu lado, aqui, o Roberto Alvim, o nosso secretário de Cultura. Agora temos, sim, um secretário de Cultura de verdade. Que atende o interesse da maioria da população brasileira, população conservadora e cristã". |
E prosseguiu:
"Você aí é a cultura de verdade, algo que não tínhamos no Brasil. Tínhamos aqui essa ideia de fazer cultura para uma minoria, tem que fazer para a maioria" |
Não é preciso mais do que isso para demonstrar o total alinhamento do presidente com “ex-atual” secretário especial de cultura. As redes sociais denunciam: “Alvim não foi exonerado por ser nazista, mas por não ser discreto”.
Essa é a verdade, Roberto Alvim foi exonerado porque expôs de forma inequívoca a desestima do governo Bolsonaro pela tolerância, pela diversidade étnico-cultural e pela liberdade de expressão artística.
Eles não suportam a ideia de cultura cidadã posta em prática pelos governos do Partido dos Trabalhadores - a partir de reflexões da filósofa Marilena Chauí -, que promoveram a mais democrática, competente e abrangente gestão da história do MinC. Que colocaram a imaginação a serviço do Brasil.
Eles não suportam o respeito, a reverência e o apreço dos governos petistas às mais diversas manifestações do povo brasileiro, sejam índios, caboclos, ribeirinhos, quilombolas, pretos ou qualquer outro segmento da nação brasileira.
Eles querem um povo monolítico, uno, inflexível, que siga as regras de um reacionarismo tacanho, repressor e preconceituoso. Não foi à toa que o desimportante diretor de teatro, imediatamente ao ascender à condição de secretário especial da cultura, propôs transformar o Teatro Glauce Rocha, um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro, em “templo do teatro cristão”.
Felizmente, o destino grandioso da cultura brasileira não cabe no abismo criado pela ignorância generalizada do governo Bolsonaro. É isso.
---Márcio Coelho é Secretário de Cultura do PT de Ribeirão Preto
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