Análise da Pesquisa Eleitoral em Ribeirão Preto, instituto Paraná Pesquisas
Ilustração: TSE
Volatilidade eleitoral e estratégias políticas: A disputa pela Prefeitura de Ribeirão Preto em 2024
No mais recente levantamento realizado pela Paraná Pesquisas, a corrida para a Prefeitura de Ribeirão Preto em 2024 apresenta um cenário desafiador para o candidato Jorge Roque, apoiado pelo Presidente Lula. A pesquisa, registrada sob o número SP-061232024 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entrevistou 710 eleitores entre os dias 5 e 10 de junho, oferecendo um grau de confiança de 95% e uma margem de erro de 3,8 pontos percentuais.
Na intenção de voto espontânea, Ricardo Silva lidera com 22,1%, seguido por Igor Oliveira com 6,8% e Duarte Nogueira com 5,4%. Jorge Roque aparece com apenas 0,7%, um número que claramente mostra a necessidade de uma estratégia mais agressiva e eficaz para ganhar visibilidade e apoio entre os eleitores. Quando os eleitores são apresentados com uma lista de candidatos, Ricardo Silva consolida sua liderança com 44,4%, enquanto Igor Oliveira aparece com 19,3%. Jorge Roque melhora ligeiramente seu desempenho para 1,8%, mas ainda enfrenta um longo caminho para alcançar os líderes. Em um segundo cenário estimulado, com menos candidatos, Ricardo Silva amplia sua vantagem para 58,9%, enquanto Jorge Roque sobe para 3,4%, demonstrando um pequeno progresso, mas insuficiente para uma posição competitiva.
Os números mostram que Jorge Roque enfrenta desafios significativos. Seu apoio pelo Presidente Lula, enquanto pode ser uma vantagem em certas áreas, também é um obstáculo devido à alta desaprovação do governo federal em Ribeirão Preto, que é de 56,3%. A rejeição pessoal de Jorge Roque também é um fator crítico, com 12,3% dos eleitores afirmando que não votariam nele de jeito nenhum. Isso destaca a necessidade de estratégias para reduzir a rejeição e melhorar sua imagem pública.
Para mudar esse panorama, Jorge Roque precisa adotar estratégias bem definidas e focadas. Intensificar a campanha nas áreas onde Lula tem maior aprovação pode ajudar a mobilizar eleitores que veem o ex-presidente como uma figura positiva. Bairros como Vila Virgínia e Ipiranga, tradicionalmente mais alinhados com as políticas de Lula, podem ser cruciais nesse esforço. Além disso, aumentar a visibilidade de Jorge Roque é essencial. Isso pode ser alcançado através de eventos públicos, debates e uma presença robusta nas mídias sociais. Utilizar o apoio de Lula de maneira estratégica, destacando como as políticas federais podem beneficiar diretamente Ribeirão Preto, pode atrair atenção e engajamento.
Outra estratégia vital é focar nos eleitores indecisos e naqueles que atualmente optam por votos nulos ou brancos. Com uma alta porcentagem de eleitores indecisos e de votos nulos/brancos, existe uma oportunidade significativa para conquistar esses votos. Campanhas direcionadas para esclarecer dúvidas e apresentar propostas concretas podem ser eficazes. Melhorar a comunicação também é fundamental. Mensagens claras que alinhem as propostas de Jorge Roque com as necessidades locais e os programas federais podem ajudar a construir uma narrativa mais atraente para os eleitores. Destacar como suas políticas podem trazer melhorias tangíveis para Ribeirão Preto é uma maneira de conectar com as preocupações locais.
Além disso, é crucial responder às críticas e reduzir a rejeição. Isso pode ser feito abordando diretamente as preocupações dos eleitores que rejeitam sua candidatura, mostrando flexibilidade e disposição para ouvir e adaptar propostas conforme necessário. A percepção dos eleitores sobre as administrações em diferentes níveis também deve ser considerada. A administração municipal do Prefeito Duarte Nogueira tem uma aprovação de 49,6% e desaprovação de 47,0%, enquanto a administração estadual do Governador Tarcísio de Freitas tem uma aprovação de 67,2% e desaprovação de 28,6%. Já a administração federal do Presidente Lula tem uma aprovação de 40,8% e desaprovação de 56,3%. Esses dados sugerem que a aprovação do governo estadual é alta, enquanto a administração federal enfrenta maior desaprovação, influenciando as estratégias de campanha, especialmente em relação ao uso do apoio de Lula.
Em suma, a pesquisa da Paraná Pesquisas revela um cenário eleitoral desafiador para Jorge Roque. Com uma baixa intenção de voto e alta rejeição, sua campanha precisa se reinventar para ganhar tração. Focar em estratégias que aumentem sua visibilidade, mobilizem eleitores indecisos e capitalizem o apoio de Lula de maneira eficaz pode ser a chave para reverter o cenário atual. A corrida está apenas começando, e com as estratégias certas, ainda há espaço para mudanças significativas.
Tendências do Eleitorado
1. Liderança de Ricardo Silva
A pesquisa indica uma liderança consolidada de Ricardo Silva, com 44,4% das intenções de voto no cenário estimulado e 22,1% no espontâneo. Este desempenho sugere que ele é o favorito claro entre os eleitores, beneficiado provavelmente por uma combinação de reconhecimento de nome, histórico político e percepções positivas de sua campanha.
2. Polarização e Rejeição
A rejeição a determinados candidatos também é um fator crítico. Jorge Roque, por exemplo, enfrenta uma rejeição de 12,3%, que é significativa, mas não a mais alta. Isso sugere que enquanto há resistência a sua candidatura, também há espaço para trabalhar na redução dessa rejeição e tentar converter alguns dos eleitores indecisos.
3. Influência dos Apoios Políticos
Os apoios políticos têm uma influência variada no eleitorado. A figura do Presidente Lula, embora tenha uma base de apoio sólida, enfrenta uma desaprovação alta (56,3%). Isso indica que a associação direta com Lula pode ser uma faca de dois gumes para Jorge Roque. O ex-presidente Jair Bolsonaro e o Governador Tarcísio de Freitas, por outro lado, têm diferentes níveis de impacto, com Bolsonaro sendo uma figura polarizadora e Tarcísio apresentando uma aprovação mais positiva.
4. Segmentação Demográfica
A pesquisa também revela variações nas intenções de voto com base na demografia
- Gênero: As mulheres tendem a ter intenções de voto ligeiramente diferentes dos homens, com Ricardo Silva tendo uma ligeira vantagem entre as eleitoras.
- Idade: Os eleitores mais jovens (16 a 24 anos) mostram uma tendência a serem mais voláteis e menos decididos, enquanto os eleitores mais velhos (60 anos ou mais) têm intenções de voto mais definidas.
- Educação: Eleitores com ensino superior tendem a ser mais críticos e seletivos, o que pode influenciar suas preferências e rejeições.
5. Satisfação com as Administrações
A avaliação das administrações municipal, estadual e federal também influencia as tendências do eleitorado. A administração estadual de Tarcísio de Freitas tem uma aprovação alta (67,2%), o que pode beneficiar candidatos alinhados com ele. A administração municipal de Duarte Nogueira tem uma aprovação dividida, enquanto a administração federal de Lula enfrenta maior desaprovação, o que pode prejudicar candidatos associados diretamente a ele.
Conclusão
A tendência geral do eleitorado de Ribeirão Preto mostra uma preferência clara por Ricardo Silva, com uma forte base de apoio que o coloca na liderança. No entanto, a polarização em torno de figuras políticas e a segmentação demográfica indicam que ainda há volatilidade no cenário eleitoral. Para Jorge Roque, a chave estará em reduzir a rejeição, aumentar a visibilidade e utilizar o apoio de Lula de maneira estratégica, focando em eleitores indecisos e aqueles que ainda não se decidiram. A dinâmica do eleitorado sugere que, embora a liderança de Ricardo Silva seja forte, há espaço para mudanças significativas com a estratégia certa.
José Alfredo Carvalho é atual secretário de Comunicação do PT de Ribeirão Preto e ex-vereador nos mandatos de 1993 a 2004.
Comentários