Florisvaldo Souza: O buraco é mais embaixo
O momento é de construir unidade para defender o Lula e o PT
Na última reunião do Diretório Nacional, fomos surpreendidos pela proposta apresentada pelo presidente Rui Falcão, defendendo a realização de um Congresso Plenipotenciário.
O impacto foi tão grande que paralisou uma reunião de dois dias, convocada para debater a conjuntura política pós golpe, foi absorvida por um ambiente tenso e desnecessário no partido.
O resultado foi um rebaixamento do debate para um tema já, na minha opinião, vencido várias vezes no Partido: a forma pela qual elegemos a nossa direção.
Por incrível que pareça, ao invés do debate sobre a conjuntura política, passei a ouvir argumentos que resumem a nossa crise à forma de eleger direção. No meu entendimento, um assustador rebaixamento do debate político.
O governo usurpador já sofre com a incompetência, a falta de liderança, os dados ruins da economia, vide o Índice de Atividade Econômica do mês de agosto.
E a direção não deu atenção nem a conjuntura e nem a defesa do ex. Presidente Lula.
CONGRESSO DO PARTIDO É NECESSÁRIO SIM!
Debater os grandes temas nacionais e internacionais e preparar o partido para os desafios do próximo período histórico.
Isso passa por derrotar o golpe e devolver o sonho a população de viver em um país inclusivo e democrático.
É hora, de permitir maior participação das bases, para que se ouça o que as pessoas estão pensando sobre o futuro.
É assim que no meu entendimento vamos superar o momento, com uma agenda política e de mobilização e nunca por um acerto de cúpula.
Outra coisa importante: Nossas normas estatutárias e regras complementares foram construídas com muito debate na base e sempre decidida pela busca do entendimento e os impasses no voto por maioria.
Não são coisas pequenas. Eleições diretas no partido onde a base escolhe seus dirigentes, a paridade de gênero que amplia a participação das mulheres e que significa grande avanço no Partido, as cotas de juventude e etnia, recentemente incluímos em nossa ficha cadastral o nome social para as pessoas LGBT, medida elogiadíssima pelos militantes deste setor. Foi com esta concepção política que o PT se fortaleceu.
Portanto, o Congresso tem que acontecer com delegados e delegadas eleitos junto com sua direção municipal, estadual e nacional antecedido de um amplo debate na base do partido sem medo, sem vetos, com os grupos apresentando e defendendo suas teses, planejando suas ações a partir dos municípios.
Entendo que desta forma estaremos chacoalhando nossa estrutura e buscando o que o PT sempre foi, um partido moderno e ousado que possibilitou chegar à Presidência da República e implantar o melhor governo da história deste país.
Não dá para sempre que um grupo perder, pedir revanche no PT!
Mas parece que isto tornou-se recorrente.
---Florisvaldo Souza é Secretário Nacional de Organização do PT
Comentários