Brasil Salomão: A dengue nossa de cada dia
Ela voltou! A dengue que nos aterroriza! Agora, permitindo opções outras mais rigorosas ainda: a ZIKA e a CHIKUNGUNYA, todas causando danos aos pacientes (já peguei dengue, faz dois anos, e senti as enormes dificuldades e dores daí emergentes). O mais grave, de tudo isso, é a vinculação já noticiada entre a ZIKA e o desenvolvimento do cérebro dos fetos bem como das crianças recém-nascidas. Não há tratamento possível, capaz de apagar as lesões no intelecto de tais pequenos seres. Já nascerão, ou já nasceram, com limitações que os deixarão fora da igualdade para quaisquer pleitos da vida civil. Ônus, violento, para as famílias. Ônus violento para o Brasil.
Há unanimidade, em todos os segmentos políticos, técnicos, populares, de que o único remédio é o preventivo: evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Há, em contrapartida, uma estranha acomodação, de parte grande das coletividades, no sentido de esperar que o SERVIÇO PÚBLICO cuide disso. Seja o Município, seja o Estado, seja a União, de forma pacífica, e preguiçosa, ficou o clima de que “não é comigo; é com o governo”. Como que a dizer, em voz coletiva: EU QUERO QUE OS GOVERNOS RESOLVAM!
Não pode ser assim. Vale a lembrança do provérbio chinês que diz: “SE VOCÊ QUER MANTER LIMPA SUA CIDADE, COMECE VARRENDO DIANTE DA SUA CASA”.
Ao que consta, por todos os relatos da imprensa escrita, ou dos jornais da televisão, se percebe, em nossa cidade, e em todas as demais, que os representantes da saúde pública têm grandes obstáculos: encontram casas, construções, estabelecimentos empresariais, sempre fechados, impedindo tanto o exame, como o descarte dos ovos do mosquito (que resistem por mais de um ano, aguardando água, seja da chuva, seja de qualquer natureza). Pior ainda os casos onde há morador ou vigia do imóvel, e os agentes públicos são proibidos de entrar e trabalhar.
E daí advém o perigo. Por mais que, na minha casa, no Escritório onde exerço a profissão, os cuidados sejam grandes para evitar quaisquer acúmulos de água (nos vasos, nos quintais, nas calçadas etc.), bastará um vizinho não fazer o mesmo, permitindo a reprodução dos novos Aedes, para que tanto eu, minha família, outros vizinhos, todos sejamos vítimas possíveis da dengue, da zika e da chikungunya.
Necessário, pois, que tenhamos, cada um de nós, a coragem de comunicar às autoridades sanitárias os casos de omissão dos vizinhos, dos proprietários de terrenos desocupados, de empresários relapsos que não cuidam da preservação das áreas da sua propriedade ou de sua responsabilidade. Não pode, aqui, ser usada a malsinada pecha de “dedo duro”. Pelo contrário, há de ser nominado como CORRESPONSÁVEL de todos os danos causados pela proliferação do mosquito.
É possível? Há esperança de que campanhas de conscientização, mais as efetivas ações públicas e privadas, possam ajudar no combate. Acho que sim e, se iniciei com um provérbio chinês, concluo com uma frase de TROTY: “NÃO DESANIMES. FREQUENTEMENTE É A ÚLTIMA CHAVE DO MOLHO QUE ABRE A FECHADURA”.
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Brasil P P Salomão é advogado
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