Ainda as Passeatas
Há uma - aparente - inocência na avaliação que órgãos de imprensa vêm fazendo sobre as recentes passeatas de março e abril. Sempre que possível, Globo (TV e jornal), Estadão, Folha de São Paulo, Veja, etc, pinçam dentre os quadros dos manifestantes aqueles que pedem o impeachment da nossa presidenta Dilma. Em seguida, o PSDB (há 12 anos derrotado nas eleições presidenciais) em movimento orquestrado com a imprensa e outros interesses, usando a voz do derrotado Senador Aécio Neves, passa a admitir que o impeachment é necessário e devido!
A verdade, todavia, quanto às passeatas é que o GRITO PELO IMPEACHMENT NÃO REPRESENTOU A VONTADE DAS RUAS. As pesquisas realizadas apresentaram um número muito baixo dos apoiadores da idéia (do impeachment), pois, os focos principais foram a corrupção e a melhora na saúde!
Nem se cogita, aqui, de analisar as passeatas pelo menor volume de pessoas, seja porque as medições são sempre contraditórias, seja porque não é relevante. As passeatas aconteceram, foram objeto de atenção da mídia. O que importa mesmo é a leitura das pesquisas (pouco divulgadas nesse aspecto): foi mínima a adesão quanto ao impeachment, e, restou focada, fundamentalmente, na corrupção e na saúde! Foi, na verdade, um grito contra a sensação, generalizada, de que a situação não é boa. Um desabafo onde se destacam as presenças das classes média B (professores, pequenas e médios empresários/comerciantes, profissionais liberais) e média C, que emergiu nos primeiros 8 e mesmo 9 anos do Governo PT, notadamente, período do nosso líder maior, Presidente Lula!
Inflação e ameaça de desemprego, além da perda de qualidade dos serviços públicos, esses sim são os pilares das 2 últimas passeatas. Uma sensação de ‘mal estar’ muito alimentada, repete-se, pelos holofotes voltados para a Operação Lava Jato (corrupção) a esfacelamento dos serviços públicos (federais, distrital, estaduais e municipais), que a empresa induz a acreditar que todos os males vem de momentos difíceis de gestão da Presidenta Dilma.
Faltaram lideranças agregadas, seja em origens comuns, seja em objetivos iguais. As ‘entidades’ que usaram as redes sociais e imprensa para convocar as passeatas, não são reconhecidas como ‘comandantes’, e, sequer foram capazes de unir os objetivos. Não terão condições, enquanto não concluída a operação Lava Jato, de promover novas passeatas. Nem a imprensa conseguiu declinar nomes seja das entidades, seja dos seus ‘líderes’.
A leitura maior, talvez única, que possa ser feita é a de que há, sim, no ar, uma insatisfação geral, uma preocupação com os serviços públicos, com o desemprego e uma torcida fanática (sem saber como) pela conclusão da operação Lava Jato que, no momento, significa a luta contra a corrupção.
Significa que há solução, e, ela já se iniciou com a delegação parcial do Poder Presidencial para o PMDB, que é temporária, e, pela nomeação de alguns novos Ministros, além das medidas do Ministério da Fazenda. Se tomarmos a região de Ribeirão Preto, cuja economia está assentada na cana/açúcar/álcool/energia, os primeiros resultados, positivos, aconteceram, a partir da retomada da CIDE.
Na safra 2015/16, já houve um crescimento de 11% na produção do açúcar, e, 60% no álcool, sem contar que a valorização do dólar abalou, fortemente, a exportação do álcool de milho, feita pelos EEUU, em favor do Brasil. E assim será em diversos segmentos da nossa atividade econômica, com uma lenta retomada do PIB positivo, e, com a consequente geração de empregos com carteira assinada.
É só ter paciência. A ‘renovada’ Operação CONDOR, agora feita pelos maiores conglomerados econômicos, é natimorta. Não vai vingar. Não haverá impeachment, o Brasil voltará, ainda que lentamente, a caminhar por trilhos que levam ao progresso, à paz, à geração de empregos, e, sobretudo, à luta contra a desigualdade social!
---Dr. Brasil Salomão - advogado
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