A propina paulista
Em recente entrevista na TV 22 – MAIS RIBEIRÃO, programa do jornalista MORANDINI, com o nome LARGA BRASA NA TV, vimos o Sr. Jamil Albuquerque ser apresentado como expert em esoterismo. Às indagações do MORANDINI, com muita clareza falou da crise do país, e, de forma otimista, mostrou convicção quanto ao ano de 2016, como suficiente para que sejam superadas as dificuldades do momento.
Discorrendo sobre alguns aspectos que envolvem a fase do Brasil, deu ênfase à crise ÉTICA, e justificou porque acredita na recuperação, ainda que parcial, das questões políticas e econômicas.
Veio-me, então, à lembrança o que me parece ser a grande FALTA DE ÉTICA de parte ponderável da grande imprensa brasileira. Todos nós, brasileiros, estamos muito satisfeitos com as ações da LAVA JATO, do Ministério Público Federal e, sobretudo, das investigações da Polícia Federal (subordinada ao Ministério da Justiça, do Governo Dilma, e que tem agido com plena liberdade, o que não ocorria faz bastante tempo).
Os destaques dados, sobretudo àqueles que procederam mal, cobrando e recebendo propinas, estão dirigidos, de forma ostensiva, ao Partido dos Trabalhadores e ao ex-presidente Lula. Com manchetes não verdadeiras na página de frente e observações menores nos textos internos. Lembra-se que o jornal AGORA, do Grupo Folha de São Paulo, noticiou na 1ª página: SÍTIO DO LULA, em letras garrafais, e dentro, em pequeno tamanho, informando que se trata de “sítio frequentado por Lula”.
Tudo bem. Queremos que todos paguem pelos danos que causaram em nível de corrupção, seja de qual partido for, inclusive do meu PT. O que não é admissível, sobretudo em ano de eleições municipais, é que se dê enfoque diferenciado em desfavor de alguns, como está ocorrendo.
Por exemplo: FOI VISTA NA IMPRENSA MAIOR alguma notícia sobre o ACORDO DE LENIÊNCIA, envolvendo o Ministério Público Paulista e a ELETROPAULO, relativo ao superfaturamento, propinas recebidas, nos contratos com as empresas ALSTOM BRASIL e CEBRAF SERVIÇOS?
É notícia pública! Trata-se da confissão de que houve propina, de que houve corrupção e desvio de grandes valores de dinheiro nas licitações ocorridas no Estado de São Paulo. A prova disso? É muito fácil: basta ler o resumo do acordo firmado na Justiça Paulista. Ali temos:
“A juíza de Direito, Dra. Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, HOMOLOGOU acordo entre o Ministério Público Paulista e as empresas ALSTOM BRASIL e CEBRAF SERVIÇOS, em que as companhias pagarão mais de 60 milhões de danos materiais e morais coletivos. O acordo foi firmado em ação civil de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA iniciada em 2014 para apuração de superfaturamento e pagamento de propina a partir de 1998 no âmbito do aditivo GISEL II, da ELETROPAULO, relativo à construção de duas subestações de energia na capital paulista.”
É preciso mais que isso? Confissão de superfaturamento e de propina. Devolução de dinheiro, tudo embutido em processo público! ONDE ESTÁ A NOTÍCIA? Assim, se um dos motivos de desconforto para o Brasil é a questão ética, ela passa, certamente, com muita profundidade, por outros governos, por outros personagens, e, sobretudo, pela grande imprensa, sempre parcial na informação!
---Brasil P.P. Salomão é advogado
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